Saúde emocional e a relação de trabalho: como vai sua mente?
Por André Tolentino – advogado
Conhecidas como “mal do século”, as doenças emocionais, como a depressão e os transtornos decorrentes da ansiedade generalizada, vêm se tornando os maiores motivos de afastamento do trabalho e consequente concessão de auxílio-doença.
Contudo, apesar dessa “popularidade”, as doenças emocionais ainda são bastante estigmatizadas ou mesmo marginalizadas, sobretudo quando possuem gatilhos relacionados a vícios, como a dependência de álcool, drogas ilícitas, medicamentos ou mesmo em internet.
De forma geral, a dependência de qualquer substância ainda é vista como algo à margem da sociedade, como um desvio de caráter, e não como decorrência de uma doença crônica, cujo usuário, a fim de sanar uma dor profunda, busca em substâncias ilícitas (ou mesmo lícitas, como álcool e medicamentos) um meio de sanar essa depressão ou ansiedade não tratada.
Por sua vez, as doenças emocionais decorrentes diretamente do stress diário vêm aumentando a cada ano, tendo sido ainda agravadas em razão da pandemia, visto que possuem uma relação direta com a diminuição da quantidade de “hormônios bons” produzidos, como a serotonina, a dopamina e a endorfina que, para sua liberação e recepção, depende de uma rotina mais relaxante e prazerosa.
Ou seja, transtornos relacionados a saúde emocional não é “falta de louça pra lavar”, não é “frescura”, não é “fraqueza” e também não é “para chamar a atenção”!
A depressão, a ansiedade generalizada, a síndrome de Burnout e também os vícios são consequência de uma rotina desgastante, de anos e anos de pressão sobre resultados, seja de terceiros ou de si próprio.
As empresas, os colegas de trabalho, as famílias e mesmo as igrejas precisam estar preparadas para perceber os sintomas dessas doenças e a ouvir, nunca para julgar, mas sim para saber como orientar, como indicar um profissional especializado e sobre como ajudar aquele que precisa.
Ainda, como todas as doenças, as patologias relacionadas a saúde emocional dão direito ao afastamento remunerado e, depois do 15º dia, ao recebimento de auxílio-doença pelo INSS. Também não é possível a demissão por justa causa motivada por seus sintomas comuns, como no caso de embriaguez do alcoolista ou de falta cometida por aquele diagnosticado com depressão, sendo então, nesses casos, recomendado que encaminhe o colaborador para o médico do trabalho, a fim de analisar a possibilidade de seu afastamento imediato.
Por fim, esperamos que, como sociedade, possamos evoluir não apenas no sentido de rapidamente diagnosticar e superar os preconceitos existentes contra as doenças emocionais mas, acima de tudo, possamos compreender os limites humanos, ser mais tolerante para com os outros e conosco e, acima de tudo, tenhamos uma vida muito mais saudável, em todos os sentidos.
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